segunda-feira, 9 de novembro de 2009

sintomas

.


Eu te amo há exatamente trinta e seis dias; o que já faz com que eu perceba que Platão tem falado demais comigo. Em breve, sei que começarei a copiar poemas de amor e guardá-los em caixinhas espalhadas pela casa para que eles não me deixem esquecer nunca. Eu não sei mais me vestir sozinho, eu parei de me olhar no espelho. Você entra na biblioteca carregada de livros, faz alguma piada depois que me ouve reclamar. O nervosismo ou bem faz que eu me cale ou mal faz com que eu fale demais. Eu olho. O meu foco se perde dentro de você. Toque no corpo, desprezo, você diz algo sobre alguém ter gostado de você, um café, outra pausa no dia pautado da lista de coisas para fazer. Você se despede de mim. Não vai olhar para os outros, por favor, dissimulados, eu, sincero, estou aqui. Te ofereço os próximos anos na minha vida. Trinta e seis dias, desbravo, vai desabar, é que nem gravidez diagnosticada em vômito, peitos e urina.

4 comentários:

  1. "Laura. Ô, Laura. Vou te torturar"

    Adorei seu texto, como sempre.

    ResponderExcluir
  2. Tanto Platonismo... ai ai... A vida é deliciosa demais por isso mesmo existem essas doces torturas. A torturar a si mesma cria obras de eximia beleza. Mas até qaundo fará frases ao invés de dizer entre os lábios a frase que sempre soa piegas?

    ResponderExcluir