sexta-feira, 30 de outubro de 2009

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

moléstias e injúrias {2}

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M.P.L., 19 anos; corte com bisturi aos oito.




A.L, 19 anos; espinha espremida.




L.S., 19 anos; queimaduras de cigarro.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

biografia

naquela árvore, onde enforcaram um homem,
enforcou-se
naquela árvore,
onde enforcaram um homem anos atrás

terça-feira, 27 de outubro de 2009

moléstias e injúrias

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Há duas semanas, indo pegar ônibus.




Há três dias, batendo na parte debaixo da mesa.




Ontem, passando a rodinha da cadeira por cima.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

William diz:
Não te atormenta o fato de ter em mente que voce ira morrer sem ler tudo o que existe por ai?

Laurin. diz:
não. eu leio borges.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

dias amenos #7

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Quando alguma guerra explode ao vivo na tevê, a casa também treme e aos poucos arrebenta enquanto minha rua bairro cidade permanece intacta – é comigo, apenas comigo que as argolas da cortina se soltam e o gesso do teto cai, a fuligem cobre minha cama.
Quando chove lá fora também chove aqui dentro.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

eu:
faz algo romantico pra ela


meu irmão:
Ah, tá. Sei.
Só o que eu faço é ser romantico com aquela porra de menina.
Eu vou é meter nela.

Que frase bonita.
Tá parecendo Bukowski

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Luz Vermelha

Estou em Lima e olho pela janela do quarto de hotel às sete ou oito da noite. Temos cerca de dois metros de altura com seus respectivos dos metros e um pouco mais de cortina. Alguns prédios estranhos se amontoam atrás do prédio baixo da frente, e posso ver muitas janelas, apesar de Lima ser uma cidade reta, plana, terreno abençoado enquanto se amaldiçoa o clima. Trinta e dois anos sem chuva, pues sí, no lo creo, llevan treinta y dos años sin llover. Aqui, acredito que tenha usado roupas pretas demais – ficou na memória, depois de voltar da tradicional e sem fôlego combinação de altitudes exacerbadas estrangeiras, Cuzco y Macchu Picchu, umbigos do mundo, com os joelhos das calças verdes listradas sujos de lama e o coração amaldiçoado. Vi por aquela janela de hotel, ao longe, do outro lado - ali. Dá pra ver? É uma janela vermelha, num prédio alto y gris del barrio Miraflores. Não sei se a luz do cômodo é vermelha, se as janelas são pintadas de um vermelho translúcido que nem de esmalte rebu ou se essa é de novo mais uma daquelas ilusões que nos pregam a memória de viagem. Do outro lado da rua, há um café – Café Love, o batizaram assim, o letreiro é luminoso e do lado de dentro há espelhos correndo pelas paredes rentes às meses. Quando a dor de garganta começou, Dani, Nana e Lu me levaram para um chocolate quente com risadas. Eu as amei, elas jantaram, mas eu não pude engolir meu martírio. Tive medo de não melhorar. De fato, não melhorei, e eu como intérprete prodigiosa de tal língua sacana, fiquei com febre e fiquei de cama, incapaz de boates às quais as meninas se entregaram. Na hora da nossa partida, quando fui arrumar as malas, ardendo no quadragésimo andar da ilusão (sonhei de novo com os incas), liguei a tevê, um tal de Gabo havia morrido e, quando Tracy Chapman começou a cantar copiosa de desejo por uma fuga num carro rápido, eu chorei de novo.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

dias amenos #6

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Amor é hipótese.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

dias amenos #5

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Não me parece justo que alguém tenha vivido e não tenha se tentado matar ao menos uma vez. Essa chance de escape mais cedo. Aborto. Desconfiaça de deus.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

dias amenos #4

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Será que dá pra ver daqui?

A memória é verde, azul, cinzenta, rosada, bege; preto e branco. O primeiro pulo na água, de pé lamento na grama, e então as formigas apareciam subindo em árvores comigo, entre o cheiro de plantas, ou fruta madurando – mas isso era periódico, mês de ano. Há fumaça em algum lugar lá longe, o céu se fecha, vem o primeiro, o segundo trovão,

e chove.

domingo, 4 de outubro de 2009

dias amenos #3

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É, sei da ambição, se bem que estarei satisfeita com um pouquinho; um gole deste copo d’água, um lápis bem apontado, almoço em casa no domingo, quente e bonito com as janelas abertas, uma caneta e sua respectiva tampa.