quinta-feira, 3 de setembro de 2009

.


Vai chover, eles diriam, está todo mundo falando disso, falando que vai chover. Mantenho a lista de tarefas no caderno, vou riscando com caneta vermelha tudo aquilo que já fiz. Comprar pincéis, certo, não gastar mais de dez reais com isso por que você sabe, você sempre estraga os pincéis, pagar aquele curso, marcar de cortar o cabelo, fazer as unhas (meu deus do céu de que cor pintar dessa vez?), fotocópias, a lista extensa de textos teóricos gramáticos analíticos paralíticos. Seria tão mais fácil se eu me chamasse Carlos - eu poderia olhar para mim mesma(o) e dizer, não se mate, Carlos, sossegue, o amor - como na primeríssima linha & título da página cento e noventa e seis. Estava no índice remissivo. Parar de arrancar as cutículas com os dentes, usar esse vestido, beber menos café, alugar esse filme, terminar de escrever escrever escrever uma história; eu vou colocar essa muleta ali. Mas a gente nunca termina. A gente mente que termina.

Um comentário:

  1. Porque terminar é como renunciar, a gente mente que respira, a gente mente que fala, só pra mentir que termina. Mas dentro, lá no fundo, lá no sertã,o as janelas estão fechadas, não existem porque não há nada além delas. Não há nada para onde olhar, porque se houvesse, haveria o fim também. Horizonte.

    ResponderExcluir