
Havia algo de estranho em tudo, algo de ancestral, aquilo dos poemas medievais, quando os eu líricos femininos (sempre escritos por um homem, dizem) cantavam “onde está o meu amigo? Quando volta o meu amigo?” para aquele que havia partido num navio (Ulisses de Penélope) enquanto ela esperava e falava à natureza da saudade – Saudade, já havia essa palavra espinhosa? Já se havia cunhado o conteúdo doído da casa vazia sem a voz do outro? Cidade vazia sem os cabelos do outro, cidade sem colo. Antes, amigo, essa palavra, Caio F. já havia narrado essas odisséias duplas e dúbias, dois amigos pela noite, dois amigos vivendo em cidades sem colo, e então um abria a porta do táxi para o outro entrar. Quando as coisas, a noite, tudo chega ao fim, uma rodoviária, um cheiro estranho e cinza de prédio antigo e despedida, para deixar-nos nesses cantos de saudade e de espera. Meu amigo, Hermes, do outro lado de um oceano, guarda o sabor doce de uma pêra.
(para Léo e Schiavo)
coincidência! eu li essa novela do caio recentemente. enrolei muito tempo pra devolver o livro, voltando sempre em alguns pedaços. hoje eu trouxe pra entregar pra biblioteca.
ResponderExcluirConheci Caio F. pessoalmente - foi meu passageiro. Essa palavra, "saudade", não tem tradução em outro idioma, pelo que sei.
ResponderExcluirHá braços!!
laurinha, tentei responder a altura, mas não consegui. e viu: eu só colocaria um pouco de cor neste cheiro estranho de saudade. penélope sempre soube tingir fios muito bem ;). brigadinho.
ResponderExcluira gente sente o gosto dos seus textos.
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