domingo, 16 de agosto de 2009

dimanche

Tem o telefone de pelo menos três mulheres, tão carentes como você, à disposição no celular quando aquela solidão horrível bate de vez em quando, se faz frio (Ah, o tempo, este tempo, é um lugar comum para o desejo para a única coisa que você escuta naquele lugar de luzes), se as coisas não dão certo, quando tudo é injusto, apela-se para o amor sem alma, o amor sem voz, o amor suspiro e saliva. Acordará amanhã com as costas arranhadas, ressaca e remorso, tentando definir a angústia entre aquele silêncio misterioso que dá entre as músicas randômicas no Ipod. Mora neste silêncio todo o sentido da vida, toda a razão do universo e todas aquelas coisas sobre a morte que a gente se pergunta quando é pequeno. Agora faria qualquer coisa para afastar o tédio, ligaria para uma delas e estouraria o crédito do telefone, colocaria aqueles velhos discos de vinil para tocar de trás para frente, abre um livro e não consegue ler uma linha sequer. Conversaria com seu pai, com seu irmão. Poderia matar alguém. Sim, ouviu-se falar dos meninos que saíam por aí e espancavam pessoas depois de beber à noite. Não sente vontade de sair, ausência de ânimo, pés doloridos. Você imagina a polícia chegando ao lote vago e encontrando os dois cadáveres sujos de terra vermelha? Foram os vizinhos do bairro que viram, meu deus, do alto dos prédios residenciais. Limpos e puros. Cheios de jovens transbordantes de tédio como você. Arremessando os cigarros do alto para que as mães não percebessem crimes como o fumo.

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