domingo, 14 de agosto de 2011

Ossário (I)

Parece que os ossos dele doem mais; eu penso a cada abraço mais próximo que ele me dá, de repente, quando surge uma data especial que merece um abraço mais afetivo, diferente das saudações matutinas diárias e paralizadas.
Espero muito para abraçá-lo e quando abraço, não gosto dos ossos.
Mas ao mesmo tempo, quase gosto dos ossos porque debaixo de qualquer carne e de pé, próximo do meu corpo, os ossos provam que ele está vivo.
E quase gosto do cheiro neutro dele.
É um gosto de casa qualquer, roupa qualquer, corpo qualquer, da mesma forma que o rosto dele é quase um rosto de um homem qualquer, a não ser por uma falta de idade real, por um olho bonito, por umas expressões lentas e finas.

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