As pessoas que se estabelecem nas calçadas à noite
de pé e luminosas, sugam do estômago (enquanto
buscam nos letreiros no alto a indicação do tempo)
o lodo e a areia que existe lá dentro. Não expelem,
nem quando querem, as palavras
descascadas do lodo e enterradas na areia;
e percebem, quando marca a hora,
que vai sobrar tempo, por mais que
se canse o ar com sereno ou que se desobedeça tanto
os minutos do letreiro. Só voltam para casa
quando percebem o tanto que falta
para preencher com saliva e lama
a demorada mandíbula da morte.
A noite permite a poesia.
ResponderExcluirNão é mesmo?
ResponderExcluirmesma sombra ou o poema fora de fase
ResponderExcluirnas ruas da cidade
onde andam as pessoas
e seus olhos de vidro
com medo da própria sombra
nas noites de saudade
em que dormem seus travesseiros
que sonham seus sonhos aterradores.
e dançam, riem comem
suas vidas fora de fase
desperdiçando o momento, lembrando do passado
não passam não passam
a percepção atrasada
o ciclo fora de fase
o ciclo vicioso fora de fase
desperdiçando o momento, lembrando o passado
as celebrações dos gestos
escondidos de sutis
nas ruas da cidade
onde andam as pessoas
e seus olhos de vidro
com medo da própria sombra
Lindo Marcos. Um poema já rende outro poema e mais outro poema.
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