segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
Mudança de endereço
domingo, 13 de novembro de 2011
História do Fim - pelo correio
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
Tarde
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
Postal para o Eduardo
Ao pensar em você, sem querer quis saber a quantas anda seu coração, ou a quantas andam as suas mulheres, os seus amores, os seus poemas. Elas caminham ou te abandonam? Bordam ou acenam? Pregam um botão na sua camisa? Quantas são elas? E de que forma inexata despertam essa sua musa intermitente?
Um abraço, Laura Cohen.
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
postal para curar uma mononucleose
Postal para curar a sua mononucleose
Onde dói mais esse vírus Epstein-Barr?
Procuro em toda parte e apesar do seu nariz entupido e do seu pulmão impedido, só leio a palavra "gânglios". Será que o correio entrega gânglios novos em casa? Consigo dessa vez mandar um pulmão novo, para ver se agora você consegue conversar conosco.
Um beijo, Laurinha
terça-feira, 30 de agosto de 2011
Ossário (III)
Hoje de manhã havia uma menina no ônibus... Parecia que ela tinha passado a noite fora, pelo modo que ela quase dormia encostada no vidro, os cabelos presos e um cheiro de banho misturado a um cheiro de cigarro, misturado a uma maquiagem borrada num rosto meio sujo meio limpo. Estava tão cedo que o sol não tinha ainda ultrapassado a linha dos prédios, de modo que havia essa luz difusa em tudo, em todas as partes, mas em lugar algum.
Dormi pesado essa noite, digo, de ontem pra hoje. Havia algo naquela menina que me lembro uma cidade, me lembrou Berlim e outras cidades muito móveis que conheci muito mal, ou me lembrei especificamente do apartamento dele no fundo de um corredor muitíssimo comprido... Talvez tenha sido esse cabelo loiro da menina do ônibus. Outro dia Flora me mandou uma carta dizendo que viajar (como apaixonar-se) é uma experiência de morte, e talvez por isso essa necessidade de viajar tanto, para aprender a conviver num silêncio cotidiano com todo o sentido das coisas.
Passei hoje por quatro vezes em frente a um cemitério, e por volta das onze enterravam uma pessoa... Me lembro daquela viagem de trem que fizemos, e que decidimos parar no meio do caminho numa cidade que havia sido destruída na década de quarenta (não direi o nome da guerra ou da cidade) e nós víamos nos cartões postais imagens da cidade destruía, enquanto andávamos em lugares confusos e antigos. Disse que a mãe dele havia nascido lá, e havia essa noiva tirando fotos... Me impressiona como essas noivas adoram se casar entre ruínas, comentei a respeito de Ouro Preto, que havia sempre uma noiva.
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
Ossário (II)
Olho para o osso da bacia dele despontando quase para fora da pele. Posso esticá-lo com os dedos, como se ele fosse de balão, e ver o osso mais de perto por dentro da carne, mas tenho medo que a carne se rompa e sangre nos meus dedos um rasgo que eu não vou poder alcançar. Enquanto descansa parece novamente frágil. Os pêlos raleiam aqui e aumentam mais embaixo, engrossam, escondendo uma parte do corpo que parece ter pudor de existir. Depois, uma barriga voltada pra dentro (se ele está deitado de costas, posso chamar essa parte dos homens de “ventre?”), endurecida e um pouco estufada bem abaixo do umbigo muito infantil que ele tem, saltado pra fora, seguindo os pêlos num caminho reto até onde o peito existe, e ele se espalha. Uma linha da pele grossa brilha, repasso o dedo na cicatriz que me deu nojo faz uma hora. Acho que me acostumo com ela, longa o bastante para substituir um coração defeituoso por um coração de um morto gelado. Esse coração não é meu, diria quando eu lhe desabotoei a camisa com os dedos tremendo. Fala como quem perdeu um braço há dez anosr. Espalmo a mão e confiro que sob a pele quente e confiro se ele age pulsando como um coração normal.